O “Morning Insights on Industry 4.0” foi organizado pela DSPA com a colaboração do SAS e da Closer. Tendo como objetivo “a desmistificação do tema” da Indústria 4.0 através do debate e da apresentação de casos de estudo, o encontro dirigiu-se a profissionais C-Level e Cross Industry, mais especificamente aos diretores de fábricas, responsáveis de produção, planeamento, supply chain, qualidade ou manutenção
Jorge Portugal, General Manager da COTEC Portugal, foi o primeiro orador convidado a subir ao palco, refletindo sobre “O que a Decisão Automática pode e (ainda) não pode fazer pelo negócio”. Partindo da premissa que o objetivo dos negócios hoje deve ser “fundamentalmente reduzir o custo da previsão”, Jorge Portugal crê que “melhorar a decisão automática é o aspeto mais importante” da transformação trazida pela quarta revolução industrial.
Na indústria 4.0 “a velocidade é essencial”, diz, e há certos projetos em que um processo bem sucedido pressupõe que “não pode haver interação humana” – no processo de distribuição da Amazon, por exemplo -, e “mudar toda a cadeia de fornecimento”, adaptando-se aos novos modelos analíticos e preditivos, é um objetivo a cumprir.
Mas existem desafios difíceis de contornar – da logística à ética. A rotulação de dados é um dos problemas, sendo que “90% dos algoritmos” são desta natureza, e ainda não são perfeitos, podendo revelar-se errados e até mesmo preconceituosos – junta-se aqui também o desafio social e político. “Vamos assistir a uma necessidade de certificar algoritmos”, assinalou o General Manager da COTEC, que acredita que à semelhança de outros organismos regulatórios poderá haver uma entidade certificadora dos mesmos.
Por outro lado, o Regulamento Geral de Proteção de Dados, e em especial o artigo 22, diretriz das “decisões individuais automatizadas”, é encarado por muitos como “o principal obstáculo na Europa para a progressão” de tecnologias preditivas, afirma Jorge Portugal.
O responsável resume, no entanto, que o obstáculo, de uma forma holística, “é um problema de gestão”, mais do que um problema técnico. Já que “não vai haver ninguém que fique de fora desta transformação”, o importante é pensar a gestão incluindo “balizas jurídicas” e outras que se atravessem no caminho da transformação digital e da automatização plena dos processos industriais.