A DSPA deu ontem (19.09) início à sua segunda conferência anual, na qual reuniu representantes empresariais, académicos e do setor em dois dias dedicados ao impacto da data science em Portugal e no mundo.
Criada em 2018 com o propósito de atuar como mediador do ecossistema de data science em Portugal – ao coordenar diferentes stakeholders e oferecer uma plataforma de partilha de ideias e experiências – a Data Science Portuguese Association tem vindo a procurar dar resposta aos desafios que condicionam a adoção e consolidação do mercado de data science.
Uma vertente muito expressiva deste desafio é a forma como a data science e os profissionais de data science se integram nas organizações e no mercado. Esta não é, explica Guilherme Ramos Pereira, Executive Director da DSPA, uma profissão por si só. É um conjunto de skillsets, que vai variar muito consoante o setor, área de negócio e função do profissional em questão. Em muitos casos, aquilo a que chamamos “data scientist” não vai ter um cargo ou background em sistemas de informação: pode ser um business analist, um profissional de IT, ou, sim, alguém formado e especializado na área. Isto pode implicar um foco exclusivo em programação, IT e sistemas de informação, ou pode estar totalmente integrado no planeamento e estratégia, carecendo portanto de conhecimentos de gestão empresarial, economia e do mercado.
Contudo, por ser uma área comparativamente recente, não existem ainda – pelo menos em Portugal – as frameworks necessárias para a formação e integração destes profissionais no mercado e dentro das organizações.
“Acreditamos que é o nosso papel enquanto organização promover sugerir uma framework de formação que seja clara e transparente e acreditar profissionais consoante o skillset adquirido para a sua profissão”, conclui Guilherme Ramos Pereira.
Neste âmbito, a DSPA está a construir uma framework de acreditação que permite, em primeiro lugar, definir um “manual” dos skillsets necessários para cada função, e a partir daí oferecer uma plataforma para certificar profissionais aos olhos do mercado.
Semelhantemente, está também a implementar um conjunto de recomendações e boas práticas de ética para orientar a adoção, desenvolvimento e aplicação destas tecnologias numa sociedade na qual a não existem precedentes legais para as mesmas.
À medida que o que podemos fazer com estas tecnologias deixa de estar em questão, o foco começa a recair cada vez mais em como – e se – o devemos fazer. Já na edição anterior, a ética foi um tópico de relevo – fruto das capacidades sem precedentes destas tecnologias e a consequente inexistência de guias éticos, regulamentos e legislações que orientem o seu uso.
Contudo, também porque é uma área recente, não existem ainda bases empíricas suficientes para suportar uma legislação viável e compreensiva para lá da simples proteção de dados.
“Acho que deve haver auto-regulação no que toca a questões éticas na era digital”, defende Fernando Resina da Silva, Vice-Presidente da DSPA. “Agora, o que precisamos é um conjunto de boas-práticas e desseminá-las o mais rápido possível”.
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